A jornalista Lygia Maria, colunista da Folha de S.Paulo e doutora em Comunicação, fez um alerta poderoso neste domingo (27): a sociedade brasileira está se acostumando perigosamente à censura judicial imposta pelo STF, especialmente sob o pretexto de "segurança pública". Seu alvo direto foi o ministro Alexandre de Moraes, que mais uma vez cerceia liberdades fundamentais em nome de um suposto controle institucional.
No artigo, Lygia denuncia a proibição absurda imposta a Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, que está impedido de conceder entrevistas à imprensa por decisão de Moraes. Segundo a colunista, tal medida viola frontalmente a liberdade de expressão e de imprensa, dois pilares essenciais em qualquer democracia. A tentativa de silenciar opiniões sob alegação de que podem gerar tumulto é, segundo ela, uma volta descarada da censura prévia ao Brasil.
Como exemplo, a colunista resgata um episódio ocorrido nos EUA em 1963. Na época, mesmo discordando veementemente do discurso segregacionista de George Wallace, a ativista negra Pauli Murray defendeu seu direito constitucional de se expressar. O caso é usado como paralelo à realidade brasileira atual, onde o STF parece escolher quem pode ou não pode falar, conforme o conteúdo da opinião e não da lei.
Lygia batiza esse fenômeno de “veto do provocador” — a ideia de que se uma fala pode gerar reações contrárias, ela deve ser calada. O problema, segundo ela, é que isso cria uma cultura de silêncio autoritário, mascarada de proteção democrática. Moraes, segundo a colunista, vem adotando esse expediente repetidamente, impedindo entrevistas sob alegações subjetivas de risco à ordem pública.
Ao encerrar o texto, Lygia faz um apelo claro: que os brasileiros parem de aceitar essa ditadura do silêncio e tenham coragem de defender a liberdade, mesmo diante de discursos incômodos. Segundo ela, a imprensa que se cala diante disso também é cúmplice.
“É estarrecedor que parte da imprensa aceite isso como normal”, afirmou, chamando a atenção para a omissão de setores que deveriam defender o direito de todos falarem — inclusive seus adversários.