O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara dos Deputados, entregou, em 1º de abril de 2025, um dossiê contendo denúncias de abusos e violações de direitos humanos contra presos dos atos de 8 de janeiro de 2023. Elaborado pela Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), o documento detalha supostos casos de maus-tratos, negligência médica e restrições ao acesso a advogados, com o objetivo de pressionar pela aprovação do projeto de lei da anistia no Congresso. Zucco classificou as condições como um reflexo de um "estado de exceção" no Brasil, buscando apoio entre parlamentares para a causa.
O dossiê destaca casos específicos, como o de Débora Rodrigues, conhecida por pichar a estátua "A Justiça" com batom, e outros detentos que teriam sofrido com a falta de atendimento de saúde adequado enquanto estavam sob custódia. A entrega do material coincide com a estratégia da oposição, liderada pelo PL, de obstruir pautas legislativas na Câmara para forçar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o projeto de anistia. O texto, que prevê o perdão aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, enfrenta forte resistência do governo Lula e de aliados.
A iniciativa de Zucco é parte de um esforço mais amplo do Partido Liberal, alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, para manter os eventos de 8 de janeiro no centro do debate político. A entrega do dossiê ocorre dias após Bolsonaro se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, em 25 de março de 2025, o que intensifica a narrativa da oposição de que os presos são vítimas de perseguição judicial. O documento será tornado público e distribuído entre deputados para ampliar a pressão pela anistia.
O governo e setores da base aliada rebatem as denúncias, argumentando que os atos de 8 de janeiro configuraram crimes graves contra a democracia, como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, e que a anistia seria um retrocesso. Parlamentares como José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, afirmam que o projeto está "enterrado" e que a obstrução da oposição não terá sucesso. Já o STF, sob a relatoria de Alexandre de Moraes, mantém a linha dura contra os envolvidos, com mais de 265 condenações até o momento.
O impacto do dossiê dependerá de sua capacidade de influenciar o Congresso e de como será recebido por deputados de partidos como União Brasil e PSD, que podem ser decisivos na votação da anistia. Enquanto a oposição aposta na mobilização popular e política, com atos marcados como o de 6 de abril na Paulista, o governo e o Judiciário resistem às demandas, criando um impasse que reflete a profunda polarização no Brasil. O desfecho da pauta segue incerto, mas o movimento de Zucco reforça a pressão sobre o Legislativo em um momento crítico.