Após intensas negociações e embates entre os partidos, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, finalizou a divisão das 30 comissões permanentes da Casa. As discussões, que se estenderam por semanas, envolveram reuniões com líderes partidários e foram marcadas por disputas acirradas, especialmente entre o PL, maior bancada com 92 deputados, e o PT, que integra a Federação Brasil da Esperança com 80 parlamentares. Motta mediou os interesses seguindo o princípio da proporcionalidade partidária, garantindo que as escolhas refletissem o tamanho das bancadas.
A instalação dos colegiados foi marcada para 19 de março de 2025, com os presidentes sendo definidos pelos partidos após o acordo.
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, assegurou o comando de comissões estratégicas, como a de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) e a de Saúde. A Comissão de Relações Exteriores, inicialmente cotada para Eduardo Bolsonaro, será presidida por Filipe Barros, do Paraná, após Eduardo anunciar sua licença para morar nos Estados Unidos. Já a Comissão de Saúde, uma das mais cobiçadas por concentrar uma fatia significativa das emendas parlamentares, foi mantida como prioridade do PL devido ao seu peso orçamentário e influência política.
O partido também ficou com a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, reforçando sua influência em pautas do agronegócio.
O PT, por sua vez, conquistou comissões alinhadas às prioridades do governo Lula, como a de Finanças e Tributação e a de Cultura. A Comissão de Finanças e Tributação será presidida por um nome da confiança do partido, garantindo controle sobre pautas econômicas cruciais para o governo. Já a Comissão de Cultura foi assegurada após negociações intensas, evitando que caísse nas mãos do PL, o que era uma preocupação do líder petista Lindbergh Farias.
Além disso, o PT abriu mão da Comissão de Educação, que ficou com o União Brasil, em troca de vantagens na Comissão Mista de Orçamento (CMO), onde o MDB, aliado, indicará o relator Isnaldo Bulhões, de Alagoas.
As disputas envolveram outros partidos, como o União Brasil, que ficou com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante da Casa, sob a provável presidência de Paulo Azi, da Bahia. O PP assegurou as comissões de Ciência e Tecnologia e de Viação e Transportes, enquanto o Avante ficou com a de Administração e Serviço Público.
A divisão foi concluída após Motta convocar um café da manhã e uma reunião do colégio de líderes em 18 de março, chegando a um acordo que, segundo o líder do governo José Guimarães, foi sólido e satisfatório para a maioria das bancadas. O resultado reflete um equilíbrio entre as forças da oposição, liderada pelo PL, e a base governista, com o PT mantendo posições estratégicas para 2025.