Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PL de São Paulo e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que “a solução virá dos Estados Unidos” para resgatar o que ele considera liberdades perdidas no Brasil. A declaração foi feita em uma entrevista no YouTube ao canal da Revista Oeste, com os apresentadores Luís Ernesto Lacombe, Max Cardoso e Allan dos Santos. Ele anunciou que se licenciará do mandato por quatro meses a partir de 27 de fevereiro de 2025 para se estabelecer com a família em Washington, D.C., e que planeja pedir asilo político nos EUA.
Eduardo justificou a decisão alegando perseguição política no Brasil, embora não seja alvo direto de investigações criminais em curso.
A fala de Eduardo reflete sua visão de que os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, que assumiu em 2025, poderiam oferecer suporte para contrabalançar ações do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente do ministro Alexandre de Moraes. Ele criticou Moraes, responsável por inquéritos como o das fake news e o que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, envolvendo seu pai.
Eduardo sugeriu que articulações com parlamentares americanos e figuras como Elon Musk, aliado de Trump, poderiam pressionar por mudanças no Brasil, como sanções contra autoridades judiciais. A ideia é que os EUA, tradicionalmente vistos por ele como exportadores de democracia, ajudem a reverter o que chama de restrições à liberdade de expressão.
A declaração veio após o arquivamento, por Moraes, de um pedido do PT para apreender seu passaporte, solicitado com base em suas falas no Conservative Political Action Conference (CPAC) nos EUA, onde denunciou o STF.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, não se manifestou no prazo estipulado, levando ao arquivamento. Apesar disso, Eduardo afirmou que “não tem chance” de voltar ao Brasil no momento, temendo novas represálias. Jair Bolsonaro apoiou a decisão em um vídeo, dizendo preferir o filho “livre lá fora do que ameaçado aqui dentro”, o que reforça a narrativa da família de que enfrentam um ambiente hostil no país.
A estratégia de Eduardo inclui manter sua influência política à distância, aproveitando a proximidade com o governo Trump e a diáspora bolsonarista nos EUA. Ele planeja usar sua estadia para fortalecer laços com a direita americana, que vê como potencial aliada contra o que considera abusos do Judiciário brasileiro.
A mudança ocorre em um momento em que Jair Bolsonaro enfrenta denúncias da PGR por tentativa de golpe, enquanto Eduardo busca ampliar a narrativa de vitimização da família no exterior. O impacto dessa articulação dependerá da receptividade americana e da evolução das tensões políticas no Brasil, mas a declaração sublinha uma aposta na influência externa como solução para seus objetivos.