Luiz Inácio Lula da Silva interveio para vetar um convite feito pela JBS, empresa do grupo J&F, ao ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para integrar a companhia após o término de seu período de quarentena. Campos Neto deixou o comando do BC em 31 de dezembro de 2024, e a proposta da JBS foi aceita inicialmente por ele, mas, ao tomar conhecimento, Lula mandou avisar que não considerava a ideia apropriada, levando ao engavetamento do plano. A informação foi reportada pelo jornal O Globo em 30 de março de 2025.
A relação entre Lula e Campos Neto foi marcada por tensões durante o mandato deste no BC, iniciado em 2019 sob indicação de Jair Bolsonaro. Lula frequentemente criticou a política de juros altos adotada por Campos Neto, acusando-o de prejudicar o crescimento econômico e favorecer o setor financeiro. Campos Neto saiu, Lula incicou Galipolo, nada mudou e os juros só fez aumentar sobre silêncio de Lula. A intervenção no convite da JBS reflete essa animosidade, além de uma reaproximação recente entre Lula e os irmãos Wesley e Joesley Batista, donos do J&F, que, após problemas judiciais em 2017, retomaram contatos com o governo petista em 2024.
Os Batista enfrentaram acusações de corrupção e fecharam um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, resultando em uma multa de R$ 10,3 bilhões, suspensa pelo STF em 2023. Desde então, Lula visitou uma fábrica da JBS em abril de 2024 e se reuniu com os irmãos em maio do mesmo ano, sinalizando uma relação mais amistosa. O veto ao convite de Campos Neto pode ser interpretado como uma tentativa de Lula de evitar que um adversário político se alie a um grupo empresarial agora próximo ao governo.
A quarentena de seis meses imposta a ex-presidentes do BC impede Campos Neto de assumir cargos privados até julho de 2025, mas o convite da JBS indicava uma negociação para após esse período. A decisão de Lula, embora sem poder formal para impedir a contratação, exerceu pressão política suficiente para que a proposta fosse descartada, evidenciando sua influência sobre aliados no setor privado e o embate contínuo com Campos Neto.