A Justiça dos Estados Unidos está se mobilizando para investigar uma suposta fraude nos registros de imigração relacionados a Filipe Martins, ex-assessor do governo Bolsonaro. A suspeita é de que dados falsos sobre sua entrada no país em dezembro de 2022 tenham sido inseridos no sistema americano, possivelmente por investigadores brasileiros, para justificar sua prisão no Brasil. A defesa de Martins acionou a Justiça norte-americana com duas ações: uma para acessar os registros completos e seus metadados, e outra pedindo uma investigação criminal sobre o caso.
O caso ganhou tração após a posse de Donald Trump, com a defesa alegando que o governo anterior, de Joe Biden, não deu andamento às denúncias feitas ao FBI e ao Departamento de Segurança Interna. Agora, com o apoio de figuras como parlamentares republicanos e o futuro Secretário de Estado Marco Rubio, a expectativa é que a apuração avance rapidamente. A audiência marcada para 9 de abril em Orlando será um momento-chave para determinar se houve manipulação e quem seriam os responsáveis.
No Brasil, a prisão de Martins, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, foi baseada na tese de que ele teria fugido para os EUA, o que sustentou sua detenção por seis meses. Documentos como bilhetes aéreos e comprovantes de presença no Brasil contradizem essa narrativa, e o registro americano, que continha erros como um passaporte antigo e nome incorreto, foi removido do sistema após questionamentos. A defesa argumenta que isso prova a falsificação, enquanto a Polícia Federal insiste em versões conflitantes, como a de que Martins teria "simulado" uma viagem.
Se confirmada a fraude, as consequências podem ser graves, incluindo penas de até 20 anos de prisão nos EUA por violação de sistemas federais. Além disso, o caso pode respingar em autoridades brasileiras, como Moraes, que usou o registro questionável como base para decisões judiciais. A investigação americana é vista por apoiadores de Martins como uma chance de expor abusos e reverter acusações no Brasil, especialmente no contexto do inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe.
O interesse de deputados republicanos e a classificação do caso como potencial questão de segurança nacional pelos EUA elevam a pressão. A direita brasileira acompanha de perto, enxergando nisso uma oportunidade de desafiar o que considera excessos do Judiciário nacional, enquanto o desenrolar nos EUA pode trazer luz a uma trama que mistura política, justiça e relações internacionais.