o Partido Liberal (PL) protocolou um pedido de cassação do mandato do deputado federal André Janones (Avante-MG) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados em 20 de março de 2025. O partido, liderado por Valdemar Costa Neto, acusa Janones de mentir ao negar envolvimento em um esquema de "rachadinha" durante sua defesa em um processo anterior no mesmo conselho, em 2023.
A base da denúncia é o acordo de não persecução penal firmado por Janones com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em 6 de março de 2025, no qual ele admitiu ter usado um cartão de crédito de um assessor para despesas pessoais entre 2019 e 2020, comprometendo-se a devolver R$ 131,5 mil à Câmara e pagar uma multa de R$ 26,3 mil.
O PL argumenta que essa confissão contradiz as declarações de Janones no Conselho de Ética, onde ele negou a prática de rachadinha — que envolve o desvio de parte dos salários de assessores. Em 2023, o processo contra ele foi arquivado por 12 votos a 5, com relatório de Guilherme Boulos (PSOL-SP), que alegou que os fatos, baseados em áudios de 2019, ocorreram antes do mandato atual (iniciado em 2023) e, portanto, não poderiam ser julgados.
No entanto, o acordo com a PGR confirma que o esquema ocorreu durante o mandato, o que, segundo o PL, evidencia que Janones "faltou com a verdade" aos colegas, configurando quebra de decoro parlamentar.
A rachadinha veio à tona em novembro de 2023, quando o portal Metrópoles divulgou áudios de uma reunião de 5 de fevereiro de 2019, gravados pelo ex-assessor Cefas Luiz. Neles, Janones sugere que assessores recebessem salários maiores para ajudá-lo a pagar dívidas pessoais de campanhas eleitorais de 2016, quando concorreu à prefeitura de Ituiutaba (MG).
À época, ele negou irregularidades, chamando o pedido de "vaquinha voluntária" e dizendo que a ideia foi vetada por sua advogada, não sendo implementada. A Polícia Federal (PF), porém, indiciou Janones em setembro de 2024 por peculato, corrupção passiva e associação criminosa, apontando-o como o "eixo central" do esquema.