A Interpol e o Departamento de Estado dos Estados Unidos rejeitaram a ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra o jornalista Allan dos Santos. Moraes havia determinado a prisão preventiva de Santos e solicitado sua inclusão na lista de Difusão Vermelha da Interpol, além de sua extradição dos EUA, onde o jornalista reside desde meados de 2020.
A decisão do ministro ocorreu em outubro de 2021, no âmbito de investigações que acusam Santos de crimes como lavagem de dinheiro, organização criminosa e incitação a delitos de calúnia e difamação, com o suposto objetivo de desestabilizar a democracia brasileira.
A Interpol considerou insuficientes as evidências apresentadas por Moraes para justificar a emissão de um alerta mundial contra Santos.
A organização, com sede em Lyon, na França, excluiu os dados do jornalista de seu sistema, após avaliar que os esclarecimentos sobre os crimes imputados, especialmente lavagem de dinheiro, não foram satisfatórios.
O Departamento de Estado norte-americano, por sua vez, também questionou a robustez das provas no pedido de extradição, mantendo Santos fora do alcance imediato da Justiça brasileira.
Allan dos Santos, fundador do site Terça Livre, é alvo de inquéritos conduzidos por Moraes, incluindo os das milícias digitais e das fake news.
Apesar das ordens judiciais, ele permanece nos EUA, onde alega estar legalmente, conforme declarado por seu advogado, Renor Oliver. A recusa da Interpol e dos EUA representa um obstáculo às ações do STF contra o jornalista, que nega as acusações e se diz vítima de censura.
O impasse reflete divergências sobre a suficiência das provas e a natureza dos crimes atribuídos a Santos.