Flávio Dino (foto) resolveu tratar o país como trata os parlamentares da oposição: com caçoada. Isso é inaceitável e não pode passar batido.
Dino foi obrigado a reconhecer nesta quarta-feira (30) que as imagens gravadas no Ministério da Justiça no 8 de janeiro foram apagadas. Segundo o ministro, há um contrato de prestação de serviços que regulamenta a captação dessas imagens e ele estabelece que os arquivos serão apagados a cada 15 dias.
Com empáfia, Dino afirmou que gerir um contrato desse tipo não está entre as atribuições de um ministro de Estado.
Com desdém, disse que orientou o secretário-executivo de sua pasta a buscar outras evidências que por acaso existam.
Caçoando, acrescentou: “Essas imagens vão mudar a realidade dos fatos? Não, não vai aparecer um disco voador.” Segundo Dino, as gravações são “absolutamente irrelevantes para as investigações”.
Não cabe ao ministro dizer o que é ou não relevante numa investigação cujos alvos são ele e sua equipe. Cabe-lhe apenas aceitar como legítimo o desejo de alcançar um conhecimento completo sobre o 8 de janeiro, o que inclui saber o que faziam as autoridades do então recém-empossado governo Lula durante os acontecimentos.
Demandar informações sobre o que transcorria no prédio do Ministério da Justiça não significa equiparar quem estava lá dentro com quem invadiu as sedes dos Três Poderes, nem com quem insuflou por quatro anos a revolta de pessoas que acharam que poderiam subverter o resultado das eleições de 2022 . Significa apenas que autoridades eleitas têm responsabilidades – como, por exemplo, zelar pela integridade de certos prédios públicos – e podem ser cobradas por elas, sem ter licença para espernear ou agir de maneira arrogante quando essa cobrança acontece.Diante de algo tão extraordinário quanto a quebradeira do 8 de janeiro, qualquer autoridade com algum discernimento deveria correr para preservar as evidências que pudesse preservar. A alegação de que inexistia um “dever legal” de salvar as imagens do Ministério da Justiça, como disse Dino nesta quarta-feira, é absurda: bastaria seguir a lei do bom senso.
Diante do sumiço, entra em jogo a hipótese muito mais grave: a de que tenha sido um ato proposital. É claro que essa hipótese, agora, exige elucidação.
Quando a oposição pede os registros do 8 de janeiro, tem o interesse de constranger ou encrencar o governo do PT. O interesse do cidadão ou do eleitor – inclusive aquele que votou em Lula – é de um tipo mais básico: saber os detalhes de um dia que já entrou para a história. Pode-se dizer, aliás, que se trata de um direito a história. Dino, que de uns tempos para cá começou a se achar muito mais engraçado do que de fato é, não tem autorização para zombar disso enfiando na conversa discos voadores e outras palhaçadas.
Dino foi obrigado a reconhecer nesta quarta-feira (30) que as imagens gravadas no Ministério da Justiça no 8 de janeiro foram apagadas. Segundo o ministro, há um contrato de prestação de serviços que regulamenta a captação dessas imagens e ele estabelece que os arquivos serão apagados a cada 15 dias.
Com empáfia, Dino afirmou que gerir um contrato desse tipo não está entre as atribuições de um ministro de Estado.
Com desdém, disse que orientou o secretário-executivo de sua pasta a buscar outras evidências que por acaso existam.
Caçoando, acrescentou: “Essas imagens vão mudar a realidade dos fatos? Não, não vai aparecer um disco voador.” Segundo Dino, as gravações são “absolutamente irrelevantes para as investigações”.
Não cabe ao ministro dizer o que é ou não relevante numa investigação cujos alvos são ele e sua equipe. Cabe-lhe apenas aceitar como legítimo o desejo de alcançar um conhecimento completo sobre o 8 de janeiro, o que inclui saber o que faziam as autoridades do então recém-empossado governo Lula durante os acontecimentos.
Demandar informações sobre o que transcorria no prédio do Ministério da Justiça não significa equiparar quem estava lá dentro com quem invadiu as sedes dos Três Poderes, nem com quem insuflou por quatro anos a revolta de pessoas que acharam que poderiam subverter o resultado das eleições de 2022 . Significa apenas que autoridades eleitas têm responsabilidades – como, por exemplo, zelar pela integridade de certos prédios públicos – e podem ser cobradas por elas, sem ter licença para espernear ou agir de maneira arrogante quando essa cobrança acontece.Diante de algo tão extraordinário quanto a quebradeira do 8 de janeiro, qualquer autoridade com algum discernimento deveria correr para preservar as evidências que pudesse preservar. A alegação de que inexistia um “dever legal” de salvar as imagens do Ministério da Justiça, como disse Dino nesta quarta-feira, é absurda: bastaria seguir a lei do bom senso.
Diante do sumiço, entra em jogo a hipótese muito mais grave: a de que tenha sido um ato proposital. É claro que essa hipótese, agora, exige elucidação.
Quando a oposição pede os registros do 8 de janeiro, tem o interesse de constranger ou encrencar o governo do PT. O interesse do cidadão ou do eleitor – inclusive aquele que votou em Lula – é de um tipo mais básico: saber os detalhes de um dia que já entrou para a história. Pode-se dizer, aliás, que se trata de um direito a história. Dino, que de uns tempos para cá começou a se achar muito mais engraçado do que de fato é, não tem autorização para zombar disso enfiando na conversa discos voadores e outras palhaçadas.
"Não vai aparecer um disco voador, não vão aparecer infiltrados, não vai aparecer a prova desse terraplanismo que eles inventaram”, diz Flávio Dino ao se explicar sobre a ausência de imagens do circuito interno do Ministério da Justiça no dia 8 de janeiro. https://t.co/2mWDtCePK2 pic.twitter.com/YM91a4c5VM
— O Antagonista (@o_antagonista) August 30, 2023
Fonte: O Antagonista