“Nós estamos gastando dinheiro com inimigos fictícios. Com míssil de não sei aonde. A bateria antiaérea. Para guerrear com quem? Com Argentina, que não tem nem doce de leite mais. Para quê?”, disse Salles.
“A guerra na Ucrânia mostra-nos, pela enésima vez na história, que um país não pode acreditar que, por estar vivendo um momento de paz, estará livre da guerra para sempre”, afirmou o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em ciências militares e pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, foram confrontados por Salles enquanto participaram de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, no último dia 17. Eles haviam descrito um cenário preocupante de falta de verbas, que tem impedido o funcionamento adequado das Forças.
O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou, por exemplo, que 40% da esquadra da Marinha de Guerra estará sucateada se não forem feitos investimentos até 2028. Em conjunto, os militares defenderam que os gastos com a defesa passem da proporção de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2%.
O material [bélico] tem uma vida, a partir de determinado momento ele passa a ser antieconômico”, disse Olsen. Ele disse que atualmente não há combustível, lubrificantes e munição suficientes para uma proteção adequada da costa brasileira. Como exemplo, o almirante afirmou que a Marinha precisa gastar R$ 74 milhões por ano com munições (que são produtos perecíveis), mas só recebeu R$ 6,8 milhões para esse fim.
Mesmo com a elevação proposta, os gastos brasileiros ainda ficariam abaixo da média mundial de 2,2% do PIB.
Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), o gasto militar global total aumentou 3,7% em termos reais em 2022, atingindo um novo recorde de US$ 2,240 trilhões.
O deputado Ricardo Salles foi ministro do Meio Ambiente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Antes disso, ele já era um admirador do escritor Olavo de Carvalho (1947-2022), que influenciou diversos membros do governo anterior e costumava atacar as Forças Armadas, que considerava “comunistas”.
Fonte: Gazeta do Povo