Em entrevista ao programa Opinião no Ar, da RedeTV!, exibido nesta sexta-feira, 11, o ex-ministro da Educação e atual dirigente do Banco Mundial Abraham Weintraub afirmou que não se arrepende das críticas que fez aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que se tornaram públicas após a divulgação do vídeo de uma reunião ministerial de abril de 2020, quando ele ainda integrava o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Weintraub disse que desejava mandar “vagabundos para a cadeia, começando no STF”. Ele também afirmou que era preciso “acabar com essa porcaria que é Brasília” e classificou a capital do país como um “cancro de corrupção e de privilégio”.
“Não me arrependo. O que me arrependo é de ter colocado a vida dos meus filhos em risco. Tem no Youtube, dá para ver quando cercaram meus filhos e minha esposa em Santarém. Estão documentados, filmados e gravados vários ataques. Eles vieram para cima de mim”, afirmou Weintraub, referindo-se ao que ele chamou de “mecanismo” de Brasília. “A gente está lidando com bandidos no Brasil, com criminosos. Pessoas sem escrúpulos.”
Segundo Weintraub, durante sua passagem pelo MEC ele teve de enfrentar grupos organizados que tinham o objetivo de derrubá-lo. “Eu enfrentei três grandes grupos: a tradicional e velha corrupção, o pessoal da ideologia do marxismo cultural e os grandes grupos privados que estão tentando fazer o monopólio da educação privada no Brasil. Este terceiro grupo tem uma bancada grande no Congresso, distribuída por partidos de esquerda até partidos de centro”, relatou o ex-ministro.
“Ou eu cedia e negociava ou eu enfrentava. Eu precisava ter a militância do meu lado. […] Eu precisava chamar atenção e estar no foco para não ser destroçado pelas forças desse mecanismo. Parti para uma estratégia de confronto e virei alvo de tudo e todos”, prosseguiu Weintraub. “Nunca pensei em ser o líder da resistência contra essa dominação que está havendo no Brasil, mas acabei me tornando uma referência, dado o meu lado mais combativo.”
Perseguição da CPI
Durante a entrevista, o ex-ministro da Educação criticou o que chamou de perseguição da CPI da Covid contra seu irmão, Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência da República. Segundo parlamentares oposicionistas que integram a comissão, o irmão de Weintraub teria participado de um suposto “gabinete paralelo” de aconselhamento a Bolsonaro durante a crise da covid-19.
“Eu vejo a perseguição aos Weintraub, a mim e ao meu irmão, simplesmente porque a gente fez muita coisa nesses últimos anos”, afirmou. “A reforma da Previdência, por exemplo, foi a gente que fez. E não saiu melhor por causa do ‘Nhonho'”, ironizou o ex-ministro, em alusão ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia.
Maia e o FNDE
Weintraub afirmou, na entrevista, que Maia indicou um nome para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Segundo o ex-ministro, o indicado acabou sendo demitido, e o ex-presidente da Câmara jamais se conformou.
“A reforma da Previdência era nossa grande prioridade porque sabíamos que o Brasil quebraria”, disse Weintraub. “No MEC, eu tinha o FNDE, onde você tem R$ 50 bilhões para fazer investimentos. E o olho dos caras é desse tamanho.
O Rodrigo Maia falou: para passar a reforma, eu preciso indicar um cara muito bom aqui, que estava trabalhando, acho que no governo [de João] Doria. […] A reforma da Previdência foi posta em votação. No fim do ano, ele [o indicado de Maia] fez algumas coisas que davam sinais que eram erradas. Ele foi mandado embora e depois disso o Rodrigo Maia ficou louco. Por isso, ele todo dia cuspia fogo pelas ventas. Ele estava pronto para morder o bolo, eu tirei o bolo e ele bateu com o dente em seco”, relatou Weintraub.
Candidatura em 2022
Indagado se seria candidato nas eleições do ano que vem — seu nome vem sendo especulado tanto para o governo de São Paulo quanto para o Senado —, Weintraub disse que ainda é cedo para qualquer definição. “Eu acredito em Deus. Acredito também que existe algum propósito. Não sei qual vai ser o caminho que eu vou trilhar. A única certeza que eu tenho é o meu compromisso com meus filhos e minha esposa. Eles têm que estar em segurança”, afirmou. “Se ele [Deus] me colocar lá e eu tiver condições, vou fazer exatamente o que eu estou falando.”
Doutrinação global
Abraham Weintraub afirmou ainda que há um movimento global de doutrinação marxista, que conta com o apoio de diversas corporações e da grande imprensa, cujo objetivo é calar vozes conservadoras. A educação, segundo o ex-ministro, é um dos setores mais atingidos.
“É um movimento global. Esse movimento de doutrinação está ocorrendo em diferentes graus pelo mundo. No Chile, no Canadá, até nos Estados Unidos”, afirmou. “O Brasil, por incrível que pareça, é um dos poucos países que têm chance de vencer essa batalha. Se a gente perder, provavelmente a América do Sul inteira vai cair para o outro lado. Já está caindo, mas aí consolida.”
Fonte: Revista Oeste