Em entrevista coletiva, o senador Eduardo Girão mostrou sua indignação com os rumos da CPI da Pandemia, também conhecida como “CPI do Circo”, “CPI da Cortina de Fumaça” e “Tribunal de Renan Calheiros”.
O senador apontou que, após a “fuga” do ex-governador Wilson Witzel, a CPI perdeu sua autoridade moral. Girão disse: “o que nós vimos aqui hoje foi um escárnio, um tapa na cara do povo brasileiro, do cidadão de bem brasileiro, que não quer ver palanque político, que quer ver uma investigação séria sobre o governo federal e sobre os bilhões de reais enviados a estados e municípios”.
O senador explicou: “a blindagem que aconteceu hoje aqui ao Consórcio Nordeste é vergonhosa, porque os fatos são claríssimos. Eu trouxe documentos aqui, outros documentos, com relação, por exemplo…. 34 milhões de reais e 17 milhões de reais de compra de respiradores, assinados, transferência bancária feita pelo sr. Carlos Gabas. Que a gente quis convocar aqui para mostrar.
Esses respiradores foram comprados com o dinheiro suado do contribuinte do nordeste, do povo nordestino. E simplesmente, esses respiradores nunca chegaram”. O senador apontou uma série de indícios de irregularidade na empresa envolvida no negócio suspeito. Girão disse: “Agora olha que coincidência: a empresa, em mais de um ano, só tem duas notas fiscais, e uma delas é a compra desses respiradores. Repito: esses respiradores nunca chegaram ao povo.
Quem é que vai dar uma resposta ao povo? Desde o início, eu peço pra gente ter transparência, eu peço para a gente trazer, e a CPI vai e blinda, por 6 a 4”. O senador mostrou uma foto da sede da empresa, indicando tratar-se de endereço residencial: “simplesmente não existe endereço comercial para uma empresa que recebe 48 milhões de reais”, afirmando haver indícios fortes de que é uma empresa de fachada.
O senador Girão disse: “Então, essa CPI é narrativa em cima de narrativa. Quem acompanha está vendo o que ela representa, o objetivo dela de fato. O relatório da CGU confirma que são verbas federais destinadas ao Consórcio Nordeste. O TCU também tem parecer com relação a verbas federais, e é papel do Congresso Nacional fazer esse tipo de investigação”.
Girão prosseguiu:
“Eu espero que o povo de bem do Brasil não deixe isso passar. Porque o que nós vimos hoje… Na hora que eu comecei a fazer perguntas para o governador Witzel, na primeira vez que a gente consegue ouvir um governador, ele chega aqui e na metade da minha fala ele vai embora. Isso é muito estranho, porque ia começar a responder perguntas de superfaturamento, de desvio, de corrupção. Só na casa do ex-secretário de saúde do Rio de Janeiro, do governo dele, uma montanha de 8 milhões de reais foi encontrada.
Segundo o MP, dinheiro de propina. Tudo isso a gente quer entender”. O senador desabafou: “quando a gente quer avançar na corrupção, vem esse tipo de situação nessa CPI. Mas o povo não é tolo, não é besta, e está vendo a manipulação que existe aqui. Ou seja: o governador veio fazer o jogo do relator e do presidente da Comissão, dizer o que eles queriam ouvir, e na hora que chegam senadores que querem investigar, ele quica, vai embora.
Picar a mula numa hora dessas é algo que a gente não deve fazer, fugir. É muito triste o que aconteceu hoje aqui, mas é a cara dessa CPI. Hoje acho que caiu a máscara, ficou muito claro”.