O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o humorista curitibano Diogo Portugal retire do ar vídeos em que faz supostas ofensas ao governador de São Paulo, João Dória. A determinação é uma antecipação de tutela, enquanto tramita na 19.ª Vara Cível de São Paulo a ação por danos morais que o governador move contra o comediante. Dória pede R$ 50 mil de indenização.
Em sua decisão, o desembargador do TJ São Paulo, Rômulo Russo, da 7.º Câmara de Direito Privado, diz que a liberdade de expressão é um direito de todo cidadão. “Que crítico, mesmo quando ácido e contundente, não autoriza a remoção de conteúdo postado nos variados sítios virtuais.” Em outro trecho do embasamento, o desembargador fala:
“A remoção de vídeos, postagens e etc. é medida de exceção; deve ficar restrita à exposição de cenas de nudez, sexo, propagação de ódio, sobretudo na quadra racista e religiosa; o rol ora traçado não é exaustivo”
Já o pedido feito pela defesa de Dória, de que o processo tramite em segredo de Justiça, foi negado. Ambas as decisões cabem recurso.
Mas o que tem nos vídeos?
As gravações e piadas foram feitas ao longo de 2020, falando sobre a pandemia e as ações políticas. O desembargador analisou 16 destas postagens. Apesar delas terem sido retiradas do ar e não é mais possível assisti-las, Russo revela os trechos em seu embasamento. Num deles, Diogo Portugal se refere à mãe de Dória como “puta”, que “abre e fecha as pernas toda hora”, o que “transborda o direito à sátira”, diz Russo.
Apesar de ser curitibano e ter o berço do seu sucesso na capital paranaense, Portugal se refere a “nosso governador” porque atualmente mora em São Paulo. Veja a transcrição:
